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Phuneral Punk: Os Sobreviventes - O Outro Lado da História!


Boa noite leitores do One Degrau! Hoje resolvi falar não só de música, mas de um livro, sim é claro que a música está presente, mas desta vez acompanhada por uma dose brutal de Anarquia, Movimento Punk, tretas entre gangues, lembranças e muita adrenalina!

Falo do livro do meu amigo Paulinho Oliveira, o Paulinho Punk! Os Sobreviventes fala não só do nascimento da Phuneral Punk, gangue da Zona Sul de São Paulo, mas trata-se de um documentário majestoso que abrange o nascimento do Movimento Punk, o surgimento de bandas consagradas, e principalmente, de toda uma lembrança violenta as vezes, mas feliz, de uma época de ouro do Punk Paulista, contada por um sobrevivente, no caso o próprio Paulinho Punk!

O livro conta de forma fácil e agradável de se ler, todas as aventuras e desventuras de um Sobrevivente, contém um incrível acervo de fotos históricas do movimento e depoimentos de personagens ilustres como: Ariel, Luizinho Ratinho, Arão e Kaw da Phuneral!

Sinta-se nos anos 80, em meio a um Brasil fodido (pra variar), surgimento das gangues, das bandas, das tretas, da ascensão, queda e a volta por cima do Movimento Punk, não do Movimento Punk que a mídia mostra na TV, que mostra basicamente uma molecada drogada mendigando por comida, pagando de anarquista e causando desordem sem motivo, mas sim do verdadeiro Movimento que tem por trás pessoas sofridas, lutadoras, batalhadoras que encontraram no Punk uma maneira de se expressar e reivindicar seus direitos!


Como diz um Sobrevivente, Arão da Phuneral Punk:

Enfim um livro de punk pra punk e pra quem quiser adquirir um pouco da autêntica Cultura Punk!

Segue um texto do mesmo:

Nascido a fórceps, das trilhas urbanas da maior capital da América Latina, de um jeito bem punk- estilo Do it Yorself (Faça Você Mesmo), Paulinho desabafa, desengasga, fala de assuntos diversos. O Texto hora tem caráter autobiográfico, mas é também documental, histórico... Passional... E ele o faz com a habilidade, com a tranquilidade de alguém escolado, calejado na arte de escrever e de reportar. Mas escreve de si, de próprio punho, de maneira honesta e com conhecimento de causa. Seu percurso discursivo não concentra o foco apenas na Zona Sul, como se nota em diversas passagens e relatos!

Muitos são mencionados com respeito e consideração, mesmos os que não eram de Santo Amaro ou da Phuneral, não se trata de uma obra direcionada, específica, regional ou bairrista. Sobretudo, o livro trata de Gente como a Gente, de fortes amizades, daqueles que são como as estrelas, que nem sempre podemos ver, mas que sabemos que estão lá!


O One Degrau bateu um papo com Paulinho Punk, autor do livro Os Sobreviventes, confiram:


One Degrau: Boa noite Paulinho, seja bem vindo ao One Degrau! Em primeiro lugar, parabéns pelo livro, estou pra fazer essa matéria e entrevista com você desde que adquiri meu exemplar no ano passado...rs Bom vamos lá meu amigo, quais os motivos te levaram a escrever essa obra?

Paulinho: Boa noite One Degrau, obrigado por me chamar e ceder o espaço para divulgar a obra que é de todos. Bom, os motivos que me levaram a escrever o livro, foi exatamente final dos anos 90, trabalhava numa editora de revistas, onde estava na hora do almoço refletindo e pensando:“Tudo que vivemos e passamos, e toda luta com eventos, fotos... teria que ser registrada”. Eu estava com a maior saudade de tudo... eventos, amigos, correrias, brigas (rs rs), e a mensagem do nosso Movimento não teria que ficar em vão, algo muito forte, que jamais poderia passar em branco sem ser divulgado!


O: No livro você conta a história da Phuneral e do Movimento Punk, de uma visão de quem viveu tudo isso morando na Zona Sul de Sp, a grande maioria dos documentários sobre esse tema foca bem mais o lado das gangues e das bandas da região central de São Paulo, o que você acha de depoimentos como Botinada, a Origem do Punk no Brasil?

P: Sim, os depoimentos do Botinada são também de pessoas e punks que viveram a época, pessoas essas que também inclui algumas no meu livro, a maioria delas se não estão em fotos, estão em depoimentos, eventos, flyers e frases que eles criaram. Fiz questão de depoimentos para que cada um contasse sua própria história. Agora sobre o Botinada em contexto geral deixou a desejar porque não focou outros bairros, e o que ficou parecendo foi que o Movimento Punk havia nascido exatamente na zona norte. Mas você vê que temos vários outros bairros da periferia e que desde final dos anos 70 já existiam punks em todos os locais de SP! Ninguém sabe exatamente onde nasceu, qual bairro de SP que nasceu realmente o punk... Existem punks antigos de gangues como Carolina da Morte, Punk Terror, Punk Kids, Phuneral Punk, Anjos do ABC. Ou seja: Norte, Sul, Leste, Oeste e ABC de São Paulo. Eu pergunto: Quem pode descrever onde nasceu o Punk? Por isso o Botinada deixou a desejar ao deixar vários bairros de lado.


O: Se tratando das gangues de São Paulo, sem elas certamente não surgiriam as bandas! Quais suas bandas preferidas e tem alguma banda nova que te chama a atenção?

P: Bandas preferidas nacionais: Olho seco, Restos de Nada, D.Z.K., Cólera, Condutores de Cadáver, Lixomania, Vírus 27, Kaos 64, Fogo Cruzado, Hino mortal, e da safra que surgiu um pouco depois: Filhos da Desordem, que é a banda que também representa a Phuneral lado a lado sempre! Já as gringas: Speed Twins, 999, Ramones, The Clash, Sex Pistols, Slaughter and the Dogs, The Stooges, Stiff Little Fingers, Adolescents, Wire, Anti-Pasti, Angelic Upstarts, The Exploited, Uk Subs, Discharge, Dead Kennedys, The Damned, Chron Gen, The Insane, The Adverts , Sham 69 e outras rs (ufa neh! He he he essas só pra esquentar he he he)


O: O livro aborda vários rolês da época, tem algum em especial que te marcou e pq?

P: Opa... Claro que sim, acho que um dos que marcaram mesmo foi no inicio dos anos 80, foram muitos, mas irei citar dois, o primeiro: Era num sábado... Quando estávamos saindo daqui da Zona sul rumo a área da Sepultura Punk no jardim São Luiz, onde fomos convidados para um som punk, quando saímos do Qg da Phuneral, que era no Rio Bonito... chegamos em Santo Amaro, local de muito movimento, onde continha: camelos, prostitutas, maloqueiros, trabalhadores, batedores de carteiras, e seguíamos a Praça Floriano Peixoto para pegar um ônibus que nos levaria até o Jardim São Luiz, quando fomos abordados por Policiais que chegaram “daquele jeito”, agressivos e ao mesmo tempo surpresos com a quantidade de punks que ali se encontrava! E no momento também surpresos, porque alguns policiais não sabiam o que estava acontecendo, e perguntando; “Vcs são o que? Porque os coturnos?? Porque andam de roupas pretas? Essa noite ficou marcada para nós onde jamais iremos esquecer.

E o outro rolê que marcou também foi clássico, foi no Centro de São Paulo, “Segundo Encontro das Bandas Punks”, local: Luso, foi em 1981, numa tarde onde ali tocariam as bandas; Mack, Olho Seco, Inocentes, Cólera, LixoMania, Verninose, Anarkólatras e Uz Morphetycuz. Quando a Polícia invadiu o local, levantando tudo pro alto, empurrando todos ali que se encontravam, ficaram no meio do salão, com cacetetes e dando porradas. Foi aí que um punk gritou: “Eles são poucos, nós somos em maior número, vamos pra cima deles!” E todos indo pra cima deles, e gritando EH!EH!EH! Podíamos ver a cara de apavorados dos policiais, eles não tiveram escolha e puxaram seus revolveres... Aí a festa foi deles! Maior blitz em todos, arrancando bottons, paths, alfinetes, cintos arrebitados... tiraram os coturnos de todos e fizeram um amontoado no meio do salão fazendo um pilha, zoaram agente legal mesmo, um esculaxo geral em todos. E após muitas porradas e pontapés foram embora. E depois pra cada um pegar seu coturno??... Foi muito difícil encontrar, tanto que cada um voltou com pés do mesmo lado. Esse dia foi apelidado de “Dia dos Coturnos”!


O: Como anda o relacionamento entre os membros da Phuneral Punk hoje em dia? Ainda se encontram frequentemente ou se reúnem em ocasiões especiais?

P: O relacionamento com o pessoal da Phuneral é o melhor possível, ainda nos encontramos, fazemos uma confraternização entre nosso pessoal dos que sobrou e que ainda sobrevivem e tem no sangue o espírito onde tudo começou. E se unem a nós os que são amigos e camaradas, fazemos eventos e até comemoramos o lançamento do livro e 40 anos de Phuneral a pouco tempo, foi realmente gratificante, minha luta em unir o pessoal vem desde os anos 90, me empenhei nisso e fiz disso nosso ponto forte: a união de uma família que se transformou.


O: Qual sua opinião sobre o atual Movimento Punk? Muitas diferenças entre os anos 80 e agora?

P: Sobre o “Movimento Punk”, acho que o que sobrou mesmo foi a “Cena punk”, pontos de encontros, as bandas, precursores, amigos, camaradas e irmãos de anos, mas “movimento" propriamente dito, não é como antes, agora os punks fazem Movimento com eventos. O visual não é mais tão pesado como antes, e muitos andam nas ruas com o visual punk e nem nós sabemos quem são, porque hoje em dia qualquer pessoa usa um visual punk e nem sabe o que significa da palavra “punk” na sua vida! Essa é a diferença entre nossa época e a época atual, você saia nas ruas com visual punk e causava espanto e diferença total a todos que te rodeavam, era o impacto em todos instantes que um punk aparecia nas ruas, as gangues, as bandas estavam em alta, você agredia com teu visual e com a massa do contingente que surgia em todos locais de SP e ABC. Hoje você não vê nada disso e nem tem como comparar os nos 80 com 2016, nos anos 90 teve um “Levante” (como o nosso amigo Antonio Bivar usa essa palavra!), mas depois após os festivais em 2001, “A Um passo do fim do Mundo“, de dois dias no Tendal da Lapa, até ali foi algo que fortaleceu bem a cena punk nessa época.


O: Qual o significado do Punk Rock na sua vida?

P: Pra mim foi tudo em que eu passei a acreditar quando me engajei no final dos anos 70, inicio dos 80, vivi isso como algo que fazia parte da minha vida realmente, e não me arrependo de maneira alguma de ser o que sou hoje graças ao Movimento Punk de SP. Aprendi a realidade das ruas, e saber dizer “não” a tudo que nos incomoda, lutar pelo que é nosso por direito. E feliz por poder me expressar do jeito que tenho vontade, sem seguir padrões da mesmice da sociedade.


O: Muito obrigado pela entrevista e parabéns novamente pelo livro! Fique a vontade para “vender seu peixe” e deixar um recado aos seus leitores aos leitores do One Degrau.

P: Bom, o recado é simples: Meu livro tem 394 paginas, uma caminhada que começo contando de 76 até 2011, contendo Eventos, flyers, fotos, depoimentos e capa dura. E termino com uma citação que está no meu livro, que falam para cada um aproveitar bem a sua época:

“Costuma-se dizer que o “espírito de uma era”, é uma época que já não volta mais. E que esse espírito, aos poucos, se esmaece pelo fato do mundo estar chegando ao fim, e por essa razão, mesmo que alguém quisesse transformar o mundo atual na época de cem anos atrás ou mais, seria impossível, por isso é importante aproveitar cada geração!”

(do filme Ghost Dog-Matador Implacável)






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