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NA LATA!: LETÍCIA LOPES (TRASH NO STAR)


Hey leitores de “One Degrau” e ouvintes do “One Degrau na Véia”!

Esta é a segunda edição do “NA LATA!”e hoje estamos com a querida Letícia Lopes. Além de loka dos gatos, viciada em café e séries, mãe de três espoletas, esposa do Felipe, ativista feminista no underground carioca, multi-instrumentista e uma das gestoras do espaço MOTIM, ela é co-criadora da banda Trash No Star. A banda surgiu em 2010, na baixada Fluminense/RJ fazendo seu som Indie Rock/Punk Rock 90/Noise com muita consciência crítica e feminismo. Nessa trajetória, Let, muitas vezes supera limites socialmente impostos e segue influenciando, muitas outras mulheres a compôr, tocar, formar sua banda, enfim, ir “pra frente” dentro da cena underground carioca! A TNS possui dois álbuns gravados: Stay Creep (no) Summer Hits e o Single Ladies, ambos disponíveis no bandcamp da banda, inserido ao final da entrevista. Aê Flávio, bem que as bandas citadas na entrevista poderiam entrar aos poucos em edições do podcast, hein?! Fica registrado o pedido. E com vocês: Trash No Star!!!!

Paçoca Psicodélica: Por que TRASH NO STAR? E qual a formação atual da banda?

Letícia Let: Nos inspiramos na banda Sonic Youth que tem um álbum com nome bem parecido. Esse nome está diretamente ligado ao fato de não curtimos todo o glamour e estrelismo que envolve tocar “roquenrou”, o que na real é uma contradição já que o Rock surgiu pra subverter e não para transformar pessoas em estrelas do falido mainstream. Na formação atual somos eu, na guitarra e voz; Felipe no baixo e voz, e bateristas colaborativas que participam conforme os afetos vão rolando.


P: Como você define o som de vocês e qual a mensagem que vocês desejam passar, como um todo?

L: Tocamos roque de guitarra experimental com muita influencia punk e das bandas noventistas. O processo de composição é baseado nas experiências que vivenciamos, e falando das letras especificamente, todas abordam assuntos que envolvem ser mulher e como existir se torna um ato de resistência.


P: Fale da vivência no underground, da perspectiva de mulher a frente de uma banda:

L: Bem no início (anos 90 até inicio de 2000) era quase impossível circular pelo chamado underground. Nunca tive acesso à bons instrumentos, bons estúdios, escolas de música e não tinha contatos com quem produzia shows, porque eram todos homens. Eu sempre tive pavor de buscar apoio nos homens. Ainda mais se a gente considerar a conjuntura da época. Uma cena comandada, protagonizada e articulada por homens cis, heteros, donos de bares, clubes ou sustentados pelos pais. Tudo mudou quando me toquei que não precisava deles pra agitar meus projetos e passei a organizar meus próprios eventos com alguns amigos. E foi um divisor de águas ter me identificado como feminista e perceber que de todas as dificuldades que eu enfrentei mais da metade eram motivadas por uma estrutura patriarcal que distribuía violências e chancelava comportamentos misóginos principalmente por parte dos homens. E tudo isso me fortaleceu e dai passei a construir e fortalecer uma rede de apoio mútuo com e para mulheres com nosso selo independente Efusiva.


P: Em quais lugares e com quais bandas já tocaram que foi mais marcante pra TNS e pra vc?

L: Os lugares mais incríveis que tocamos foram em festivais feministas. Por lá nos sentimos em casa, acolhidas, e fomos tratadas com máximo carinho e respeito (deveria ser assim em todos os lugares não é?). Dividimos palco com Bertha Lutz, Letty, Framboesas Radioativas, no Distúrbio Feminino que rolou em SP; em Salvador no Vulva La Vida com Soror, La Chatte, Dança da Vinganca, Visiona. Também com Anti-corpos, Devir, Sapamá, A ingança de Jeniffer, She Hoos Go, Penúria Zero. Fora as compas de selo: Catillinarias, Belicosa, Tuíra, Chico de Barro, Kinderwhores, Drugged Dolls, Floppy Flipper, Bochechas Margarinas. É muita mulher potente! Isso tudo em festivais de outros Estados ou nos que produzimos por aqui. Todas são importantes pra nossa história como banda e principalmente pro meu crescimento e fortalecimento enquanto mulher que ocupa esse espaço misógino e sexista que é o underground Rockn Roll.


P: Quais as bandas brasileiras independentes influenciam e dialogam com o som de vocês, para recomendar aos nossos leitores?

L: Todas essas que citei anteriormente. Acabei me antecipando na resposta (rs), mas vou aproveitar pra incluir algumas bandas que não dividimos palco ainda: InVenus (para as bruxonas lobas poderosas), Charlotte Matou um Cara (soco na cara dos machistas), Melinna Guedes (essa mulher é incrível!), The Biggs (uma Lenda), Bloddy Mary Uma Chica Band (de tirar o fôlego), MC Dall Farra (que mulher), Papisa (que me faz arrepiar), Mietta (que banda)... Pela Deusa, são muitas! Me chamem no WhatsApp pra gente conversar gente!!!! Hahahaha

P: Você é uma das mulheres à frente da espaço MOTIM no Rio de Janeiro, que infelizmente está temporariamente fechado por conta da mudança de endereço. Fale um pouco do que rola na MOTIM e de sua importância no seguimento em que atua.

L: Utilizando nossa mini biografia: MOTIM é um espaço livre, gerido por mulheres que promovem e recebem shows, atividades artísticas insubmissas, rebeldes e independentes. Lugar para encontros, hospedagem de experiências e vivências, uma bolha de aconchego no meio do caos da cidade do Rio. Essa mini bio define bem o que fazemos por lá. É um lugar de acolhimento de projetos, ideias e nos esforçamos ao máximo para que seja um lugar seguro. As minas se cuidam e agressores não passarão. P: Let, muito obrigada pela entrevista! Deixe uma última mensagem para as leitoras e leitores de OneDegrau:

L: Eu que agradeço Paçoca. Mulheres, mobilizem-se! E para aquelas que já o fazem, continuem! Vivemos dias difíceis; a luta é diária, dura, sofrida, mas a cada mulher que avança milhares de outras são inspiradas e motivadas por essa força. Quando parecer que está impossível prosseguir, procure suas redes de afeto, dê um tempo para si mesma, não se cobre tanto e nunca deixe que nada nesse mundo te faça duvidar das suas potencialidades. E rapazes, façam o máximo porque o mínimo vocês já fazem e não é suficiente. Desconstruam diariamente e incansavelmente as ideias machistas. Acreditem, tá pouco.

Curta. Ouça. Assista a banda Trash No Star:



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Obrigada pela leitura de NA LATA! Toda a 1ª e 3ª segunda-feira do mês uma entrevista com bandas underground do Rio de Janeiro aqui no One Degrau. .......................................................................................................................................................... Who’s that girl? Paçoca Psicodélica, vulgo Yasmin Ramyrez. Cigana-hippie-punk, libriana, filha de Oyá, feminista com ascendente em tretas, mãe de adolescente. Educadora, escrivinhadeira, "missionária" do coletor na Copinho da Revolução, aprendiz de cartomante, ex-doula, no underground desde 1996, co-criadora e produtora do Festival Hippie Punk Beatnik, vocalista e produtora da Ramyrez 77, produtora e apresentadora do podcast Bora Marcar?, colunista semanal em Oficina do Demo, fábrica de ideias.


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